13 de Setembro
Qual é o medo da palavra "fundamentalista"? Hoje em dia quere-se à força confundir fundamentalismo com fanatismo. Ser fanático é adoptar uma visão fechada e doentia sobre uma ideia, doutrina, religião. Fundamentalismo é uma postura coerente que se tem na vida face a um conjunto de valores nos quais acreditamos e que aceitamos como certezas, sendo por isso fundamentais para nós. Ora, se o Deus em que acreditamos é fundamento da nossa fé, qual é o medo de sermos... fundamentalistas? Não há perigo em acreditarmos cada vez mais, não corremos o risco de pôr bombas nem de passarmos a ser intolerantes para com aqueles que não acreditam. Antes pelo contrário, Deus que conhecemos é Amor, e n'Ele encontramos a verdadeira Paz. Como pode isso dar mau resultado? Deus é fundamental para ti, para mim, para todos. Por isso, não tenhas medo de te chamar "fundamentalista".
AVC
6 Comments:
Na vida tens de tomar um sem número de opções... a maior delas todas (para mim) é perceber quais as batalhas que valem a pena!
Acredito que a "batalha das palavras" é uma daquelas em que se deve ter bastante cuidado... diz-se demasiado sem se dizer.
Não me parece que "fundamentalismo" venha de fundamental. Ser fundamentalista é não olhar a meios para atingir os fins... levar tudo à letra e esquecer que a realidade nos impõem um contexto.
Eu percebo o que dizes e acho que tens toda a razão... ser fundamentalista em Cristo é AMAR "a torto e a direito" a todos! Mas não é isso que o mundo identifica.
Fica a pergunta: valerá a pena entrar nesta batalha das palavras quando o que para nós é relevante são os actos? (torna-se ainda mais relevante neste momento em que temos um mundo revoltado contra algo que o nosso Papa NÃO DISSE)
Caro Mike, obrigado pelo teu contributo sempre valioso. No entanto, acho que tenho de discordar em alguns pontos... desculpa.
Ponto por ponto. Primeiro dizes...
"Não me parece que fundamentalismo venha de fundamental."
Acredita que a raiz da palavra é a mesma, tal como fundamento. O fundamento do Cristianismo é Cristo, e quem acredita totalmente em Cristo e a Ele se entrega, é fundamentalista cristão. Qual é o problema da palavra? É que, como dizes à frente e bem...
"Mas não é isso que o mundo identifica."
Sim, assino por cima. O problema é que se confunde "fundamentalismo" com "fanatismo", atribuindo uma conotação negativa à palavra, coisa que de origem não tem... antes pelo contrário. Quando o fundamentalismo se torna invasor da liberdade do outro, passa automaticamente a "fanatismo". Porque é possível e desejável ser-se fundamentalista no âmbito em que estamos a 100% empenhados no desafio que abraçamos (neste caso, o Cristianismo), e nunca atentando contra a liberdade do outro. Já o Papa Bento XVI lembra e bem que toda a forma de usar o Nome de Deus para justificar a espada é errado, e isso isso parece óbvio já que partimos da ideia e experiência que Deus é Amor.
No fim, acabas dizendo...
"Fica a pergunta: valerá a pena entrar nesta batalha das palavras quando o que para nós é relevante são os actos? (torna-se ainda mais relevante neste momento em que temos um mundo revoltado contra algo que o nosso Papa NÃO DISSE)"
Caro Mike, acredito que vale a pena porque ainda acredito no valor da Palavra. Não são só os actos que me importam. Se puseres isto em termos de batalha, sou dos que acha que "a caneta é mais poderosa que a espada". E também porque tudo vale a pena se a alma não é pequena... e eu aspiro a que a minha seja uma alma grande! Brinco a sério e percebo o que dizes... mas, na "economia dos esforços" que sugeres, continuo a acreditar que a Palavra vale muito. Foram aliás as palavras do nosso Papa que foram mal interpretadas por muitos e que mexeram com a sensibilidade de tantos, como dizes e bem. O poder da Palavra é imenso e não podemos pô-lo de parte. A prova de que a Palavra é central na nossa vida (e por isso importa) é que a nossa fé é altamente sustentada na Palavra de Deus, expressa no Evangelho que ouvimos de pé na Missa.
Com toda a amizade e um abraço,
AVC
Existe palavra e Palavra! E a Palavra (o que interessa) é composta... enfim, é feita de Cristo e Cristo não se encerra em palavras!
Quanto ao poder da palavra, é inegável, estou contigo!
Agora...
"Acredita que a raiz da palavra é a mesma, tal como fundamento"... ok ok, eu acredito (lol), mas parece-me, então, sensato assumir que um fundamentalismo é viver agarrado a algo que consideramos fundamental (não quer dizer que o seja... quer dizer que quem o é acredita nisso... para o bem e para o mal!)
Ou seja, partindo do pressuposto que fanatismo vem de fã, e que fã (quer gostemos, quer não da palavras) é um inglesismo para pessoa que nutre de admiração por... eu sou claramente fã de Jesus. Não só fã (muito mais), mas também fã!
Então ser fanático, em teoria, também não é mau. O mundo modificou-lhe a génese da palavra. Assim como o mundo modificou a génese humana.
Acho que não estou perdido mas estou a ser, claramente, um bocado confuso!
A pergunta mantém-se: Valerá a pena virmos por aqui?
É uma pergunta... "just that"!
Abraço in IHS
PS - Se a tua resposta for sim, luta também pelo ressurgimento da palavra caridade... oh fundamentalista!
Eh eh :)
Obrigado Mike. Fanático vem de fan, sem dúvida. Mas os "fans" só vêm o seu clube, partido, religião à frente... e não toleram os outros, se for preciso. Os fans do futebol são aqueles que seguem animados o seu clube... e que passam a fanáticos a partir do momento em que chamam nomes aos árbitros e às mães dos jogadores da outra equipa se for preciso! Mas é a minha ideia de fanático... que quando passado para o campo da religião (os fanáticos religiosos, como conhecemos alguns) é sem dúvida perigoso.
Por mim, vale a pena vir por aqui, pelo que já disse. E também porque a etimologia é uma das minhas paixões!
Sim, lembrar que caridade é amor e não a esmolazinha é um desafio bom para um futuro post... desafio-te a escrevê-lo. É só mandar por e-mail e publicamos! Um grande abraço em Cristo e outra vez obrigado,
AVC, o fundamentalista! (Ou pelo menos gostava de ser!)
Uma provocação etimológicamente desafiante: se o fã passa a fanático, e do campo do natural e saudável passamos para o campo do evitável... não existirá também uma passagem de fundamental para fundamentalista (da mesma ordem de ideias)?
Quanto ao desafio... "thanks", mas o desafio de vos ler todos os dias já é imenso! Estarei cá para comentar... ou pelo menos, desafio-me a isso!
Abraço
E com os teus comentários nos honras! Por isso mesmo, fico esperançosamente à espera de um post. Fica a porta aberta! Um abraço,
AVC
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